Na primeira
parte desse artigo, eu não coloquei esta informação, mas agora farei isso. Eu
costumo chamar os asteroides do cinturão entre Marte e Júpiter de planetas
Cisjovianos Menores. Esse é um termo antigo que parece estar em voga novamente
na astronomia e se refere de forma mais poética aos asteroides a planetas
rochosos. O prefixo “cis” vem do latim e quer dizer: do lado de cá, desse lado.
E “Joviano” é um adjetivo para as coisas relacionadas a Júpiter. Assim,
cisjovianos são os “planetas do lado de cá de Júpiter”. E agora irei me referir
aos asteroides como cisjovianos.
Hebe:
O glifo de
Hebe mostra claramente uma taça estilizada. É óbvio que não fiz grandes
alterações, já que o novo glifo lembra muito o original. Eu acrescentei um
crescente invertido à base do glifo, e uma cruz no meio do desenho. Hebe é um asteroide
que interessa pouco à maioria dos astrólogos, entretanto sua magnitude é uma
das maiores do cinturão. Essa e outras características me fazem considerá-lo
como objeto de profundo estudo. Quando se estuda Hebe, é perceptível que seus
temas tratam de questões virginianas e capricornianas. Hebe refere-se a
mordomia, que é a arte de servir. Servir ou ser servil é algo que a civilização
ocidental não ensina. Aprendemos que servir é uma obrigação penosa e que não há
nem lucro nem prazer nisso. Por isso não duvido que Hebe seja um cisjoviano
desprezado, afinal, que hoje gosta de servir. Se alguém tem que servir, que
seja pago por isso, e não há pagamento para os serviços de Hebe, senão o
aprendizado e a disciplina do ego. Na mitologia Hebe era a princesa do Olimpo.
Palas podia ser a filha primogênita de Júpiter, mas Hebe era a princesa.
Entretanto Hebe era a chefe das servas e junto com Mercúrio fazia todo o
serviço do Olimpo. Ela cuidava da comida dos deuses, de suas roupas e da
higiene. Era encarregada por Apolo de ser enfermeira do Olimpo. Justamente por
isso ela cuidava das feridas de Marte. Todos esses assuntos são virginianos.
Entretanto há algo de capricórnio em Hebe, já que servir a outro implica em uma
hierarquia. E por fim o significado capricorniano que mais me intriga: ela
representa o Galardão, que é uma forma de prêmio ou presente. Júpiter a entrega
a Hércules, como esposa e prêmio, por seu heroísmo em vida. As taças são
símbolos dos galardões. Vejam a Copa das Confederações, na qual o Brasil ganhou
uma “COPA”, isto é uma taça. Portanto onde Hebe está podemos encontrar a
exigência de servir em nossas vidas e também recompensas. Muito pode ser dito
sobre Hebe, mas vou deixar para outro artigo. Voltando ao símbolo, há um
crescente voltado para o alto, ele recebe algo vindo de cima, e deixa fluir por
sobre a cruz, até que chegue ao crescente menor, que está invertido na base,
por onde vai fluir este líquido rumo às esferas inferiores da vida. Dessa forma
Hebe representa uma relação vertical entre divino e humano ou superior e
inferior. O senhor e o servo: aquele que dá (ou trabalho ou um presente) e
aquele que recebe. O glifo de Hebe difere nesse sentido do de Urano, no qual os
crescentes estão em posição horizontal, simbolizando a fluência horizontal
dessa forma de energia e a igualdade de posições.
Íris:
O
planeta cisjoviano Íris, também é outro bastante negligenciado. O motivo dessa
falta de interesse é um mistério para mim, já que Íris está entre as maiores
magnitudes do sistema solar. Assim, independente do seu tamanho, a força do seu
brilho releva muito para a astrologia. Entretanto tenho visto algumas
informações sobre ele na internet, mas nada que parece ser muito prático e
aplicável. Sem dúvida Íris fala de comunicação, como Mercúrio, mas sua natureza
é aquariana, tal como a de Urano, e por isso se refere a alianças, amizades e
socorro. Onde Íris se encontra no seu mapa, você pode verificar a natureza das
suas amizades, a consistência das suas alianças e se você oferece socorro ou
recebe de alguém; também mostra que tipo de ajuda é essa de acordo com o
assunto da casa. Assim criei um glifo bem alquímico, que expressa sua natureza
aquariana e angélica. Pois os anjos parecem assexuados e gênero de Íris parece
mais psicológico do que físico. Então surge o símbolo do sol tendo o crescente
lunar entranhado nele. Isto é a união da psique feminina com a masculina,
diferente de Palas, para quem o hermafroditismo é mais físico (símbolos de
Marte e Vênus). E na base há uma cruz, demonstrando que essa união produz
efeitos concretos e está enraizada no mundo dos homens. No geral o glifo parece
um olho com a pálpebra superior, o que reforça a ideia da visão e da íris dos
nossos olhos.
Flora:
Eu
particularmente gosto muito do glifo que criei para Flora, porque ele lembra
uma flor dupla e às vezes também lembra os pistilos das flores, em cujas pontas
estão localizadas as anteras. Esse conjunto é o órgão sexual da planta. Assim o
que pretendo dizer que é Flora, longe de falar sobre o nosso gosto por flores
ou se seremos jardineiros, trata sobre aspectos da sexualidade. Mas não para
por aí, há uma dualidade, pois o glifo mostra dois círculos nascendo, cada um,
de uma ponta do crescente lunar. E o crescente lunar está embasado em uma cruz.
Portanto Flora trata sobre dualidades e coisas dúbias. E por ser a
representação estilizada de uma flor, que é a personificação da beleza efêmera,
Flora também se refere às efemeridades da nossa vida: coisas comuns e vulgares.
Métis:
Da
mesma forma que Netuno, Métis pode ser sentida e entendida por poucos, ela é o
oculto, o enganoso, a trapaça a feitiçaria propriamente dita. No mito ela foi a
primeira esposa de Júpiter, e sem a sua ajuda ele jamais teria se tornado rei
do Universo. Entretanto, Métis tinha tanto poder que acabaria gerando um filho
para substituir Júpiter. Ele então decidiu engoli-la, para que assim dentro
dele, ela pudesse ajudar a ver o oculto e a prever traições e trapaças de
inimigos. Eu vejo algo muito lunar em Métis, também há muito de Peixes e
Escorpião. Ela simboliza algo que está fora e precisa se reconectado. Uma
espécie de energia ou aspecto da vida de cada um que não combina com o resto, e
às vezes, contribui para trazer problemas. É um princípio amoral, isto é, não
vê nem o bem nem o mal. O planeta Métis é controverso como a Métis da
mitologia, assim eu pensei num glifo bem diferente dos demais. Na verdade eu
sonhei com este desenho: Vi uma mulher vestida como uma rainha, estava sentada
numa cadeira de pedra polida e na sua coroa havia um símbolo semelhante e esse,
não era igual. E no seu peito também havia um bordado com a mesma insígnia, que
eram dois crescente que se cruzavam sobre algo que parecia uma pequena cruz.
Sonhei há muitos anos isso, quando era um adolescente, mas nunca me esqueci do
sonho (há sonhos que nunca esquecemos). Preferi colocar no lugar da cruz o
ponto, para que o glifo de Métis ficasse parecendo um “Sol” feito de duas Luas.
Até hoje não sei explicar o símbolo, já que ele surgiu de um sonho, mas assim
que comecei a pensar em um glifo para Métis ele me veio à mente. É como se
Métis fosse um “sol” interior, um “sol” lunar, que habita oculto em algum lugar
de nós, assim como Métis habita as entranhas de Júpiter.