terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Os óculos perdidos e a importância das regências:



                 Se há algo que gosto de fazer é procurar coisas perdidas através da astrologia. Primeiro porque é um ótimo exercício de raciocínio, já que você lida com algo material, um problema imediato. E segundo porque me sinto como se tivesse nas mãos um mapa de tesouro secreto.
                Perdi meus óculos, é algo a que estou acostumado, se não perco deixo em um deixo em algum lugar sem ter atenção. Ontem mesmo saí da casa de meus pais, depois de ter passado o dia sem meus óculos, mas acreditava que estavam em algum lugar da casa dela. Acabei indo embora e no meio do caminho me lembrei deles, mas preferi deixar para pegá-los em tão no dia seguinte 26/11/12 na hora do almoço.
                Entretanto quando cheguei em casa descobri que eles haviam ficar debaixo de um dos meus travesseiros no apartamento. Enfim, Netuno faz de mim uma de suas maiores vítimas em termos de esquecimento de coisas, pensar que esqueci ou perdi, mas não perder, muitas vezes me surpreender ao descobrir que tenho uma coisa que nem lembrava que havia comprado e só descobrir depois de comprar de novo! Netuno me proporciona todo o tipo de situações confusas com meus objetos.
                Mas voltando aos óculos, eu os perdi, creio eu, no início da semana do dia 12/11 (Antes de achar que havia perdido na casa da minha mãe) e só dei conta de que precisava deles no dia 15/11. Então fiz a carta horária que podem ver aí embaixo e comecei a investigar, entretanto, para dar início aos trabalhos, precisava saber sob a regência de quem estavam os óculos.
                O senso comum da astrologia diz que basta ver Vênus, já que ela representa objetos móveis, por reger Touro e este reger a Casa II, a casa dos bens móveis. Sylvia de Long, astróloga que aprecio muito aconselha a isso, mas Vênus não pode simplesmente reger todo o objeto móvel que existe, ainda mais se estiver perdido. Devemos considerá-la mais quando se trata de objetos de beleza ou luxo, e mesmo assim devemos fazer verificações mais agudas. Dou como exemplos relógios que são regidos por Capricórnio e os planetas Saturno e Urano. Se ele for um relógio comum, podemos considerar Saturno, mas se for um relógio de luxo, uma jóia com belo designer, então é importante olhar Vênus também, pois tanto ela como Saturno podem ajudar na busca, somando informações.
                No caso dos óculos me vi diante de um problema, considera-se a Lua, Mercúrio e Netuno como regentes do objeto. A Lua e Mercúrio eu levaria em consideração, mas creio que Netuno tem pouco a ver com óculos, já que óculos são feitos para ver melhor e Netuno tem como característica óbvia, dificultar a visão ou distorcê-la.
                O ascendente do meu mapa estava muito confuso para esse caso, já que caiu exatamente entre Leão e Virgem, no grau 0° e 30’ minutos de Virgem, o que ainda pode ser considerado o 30° de Leão. Em oposição ao ascendente, estava justamente Netuno, aos 0° graus e 22’ minutos de Peixes. Ele estava me dizendo: - Vou deixar essa leitura bem confusa para você.
                E foi o que aconteceu, pois fiquei em dúvida quanto aos signos e os planetas que me representavam na Casa I, pois para quem não sabe, a casa I representava quem pergunta numa carta horária. Se considerasse Leão na cúspide (entrada) da casa I, então poderia ver no Sol o meu regente. Entretanto se considerasse Virgem como regente da cúspide da casa I,  Mercúrio seria o planeta a me representar, e assim ele não poderia representar os óculos.
                Dessa forma, já desconsiderando Netuno, seria obrigado a desconsiderar Mercúrio também, isto, se não desse valor ele como meu regente. Sobrou-me a Lua, que está então na casa IV, onde segundo alguns podemos ver os objetos perdidos. Bem, ponto para a Lua, pois parece representar os óculos perdidos. Mas segundo a tradição a Lua, em alguns casos (e esse era um deles) também pode me representar.
                Estava muito confuso, pois não consegui saber quais planetas regiam os óculos e quais planetas me regiam. Observei que a Lua se aproximava de Íris, que pode ser vista na mandala exterior aos 12º grau de Sagitário. Pensei que Íris, poderia significar os óculos pela simples lógica da íris dos olhos. Então pude considerar a Lua como minha regente. Mas não me sentia seguro o bastante para confiar num planeta como Íris, recém chegado à astrologia. Mesmo que a Lua (eu) caminhasse para uma conjunção com Íris (óculos), preferi desconsiderar.
                Então voltei a Mercúrio e o Sol, mas não via nada que determinasse os papeis de cada um. Então tive a intuição de considerar o Sol como o regente dos óculos, pois há uma extensão e antiga simbológica cultural que relaciona o Sol à capacidade de visão. Para os gregos, ele era aquele que podia cegar e fazer ver.
                A única coisa que me tranqüilizava nisso tudo era ver que Mercúrio estava retrógrado e era um planeta relacionado à pergunta. Pensei: - Bem os óculos vão aparecer, Mercúrio está retrógrado e isso significa que eles vão voltar às minhas mãos. Com não consegui mais nada do mapa, comecei a pensar onde poderia tê-lo perdido. Foi então que me recordei de um péssimo hábito ao qual sou obrigado todos os dias: Quando vou para academia, preciso dos óculos, mas dependo do exercício, tenho que tirá-los senão caem e alguém pode pisá-los. Assim coloco em algum banquinho ou canto de parede, uma ótima maneira de perder.
                De resto repassei na cabeça onde havia andado até dia 15/11 e descartei a casa de minha mãe e o trabalho, pois o mapa não dava sinais de nenhum desses locais. Decidi que no diz 19 procuraria com as atendentes da academia. Sabia que no dia 18 ou no dia 19 eu encontraria os óculos, pois até lá o Sol e Mercúrio já teriam se encontrado.
                Ao chegar à academia, perguntei se haviam encontrado uns óculos. A recepcionista respondeu que sim, estava lá há desde o dia 13. Então, como posso entender o que o mapa queria me dizer?
                Creio que considerar o Sol como regente dos óculos foi uma decisão certa, a despeito do que diz o senso comum astrológico, ao menos nesse caso, o Sol foi mais eficaz que a Lua e Mercúrio ao representar a coisa perdida. Estes dois últimos na verdade representavam a minha pessoa. Mercúrio retrógrado era eu voltado aos óculos. Curioso é que muitas vezes pensamos que um planeta retrógrado mostra o objeto voltando até nós, e às vezes pode ser isso mesmo, quando alguém trás de volta. Mas como eu já desconfiava do local onde havia perdido, então creio que o mapa estava me dizendo claramente que EU iria atrás dos óculos. Isso deixou claro também que o regente da 1ª casa era Virgem e não Leão. O signo do Sol estava casa 12, onde as coisas costumam estar perdidas.
                Como podemos ver, descobrir as regências é algo fundamental para se ler uma carta horária. Sem essas pequenas, mas valiosas informações, nada pode ser feito. E mesmo quando temos muitos planetas que podem representar alguém ou alguma coisa, devemos olhar o mapa com muito cuidado, considerando posições de signos por seus graus nas casas. E por fim, se puder ter um livro de regências, estará fazendo muito por seus estudos.

Os Asteroides e seus glifos:



Para começar a postar no Ad Astra, pensei em um assunto relativamente novo, que é claro, será tratado em outros posts com mais profundidade. Como a proposta do é discutir as possibilidades de relação entre o que a astrologia explora contemporaneamente o seu conteúdo tradicional e clássico.

Um tema que me agrada é sobre os asteroides e seus glifos. Desde que comecei a estudar astrologia, aprendi que os glifos não são simples desenhos escolhidos aleatoriamente para identificar os planetas num mapa. Eles são símbolos cheios de significados. Cada traço de um glifos expressa algo da natureza  do planeta, da mesma forma como os hieróglifos egípcios eram desenhos simples, mas de significado complexo.

Na medida em que a astrologia se aprimorava nesses 5.000 anos, os glifos dos planetas clássicos passaram por leves modificações que só vieram a acentuar seu significado. E um assunto como esse, que pode parecer de pouca valia se mostra muito interessante e enriquecedor para o astrólogo.

Um exemplo de como estudar os glifos é interessante é quando descobrimos que os planetas “modernos”: Urano, Netuno e Plutão possuem variantes para seus glifos que são usadas por diversos astrólogos. E dependendo do local, até possuem glifos diferentes. Na Rússia e para a maioria dos países europeus são usados dois glifos diferentes do que estamos acostumados para Plutão. Assim acontece também com Urano, nas Américas se utiliza um, mas na Europa se utiliza outro.

Sendo um estudioso e experimentador de asteroides, comecei a pensar há muito tempo, que seus glifos pareciam não expressar seus significados e que para alguns asteroides o glifo até era um impeditivo da compreensão do seu significado. Foi desta forma que decidi, na medida em que estudava alguns asteroides também pensar em glifos que pudessem esclarecer sua natureza. Foi assim que surgiram alguns dos símbolos astrológicos que o leitor verá à seguir:


Ceres:

Como planeta que rege Virgem, signo das colheitas, Ceres tinha como glifo original uma foice estilizada como um crescente voltado para o lado esquerdo sobre uma cruz. Entretanto uma das expressões do planeta é a busca pelo desenvolvimento,  o interesse por aquilo que se aprimora e cresce e se desenvolve sob circunstâncias que costumam ir contra. E isso está ausente no glifo. A cruz representa o elemento terra, mas ao mesmo tempo também dá a idéia de obstáculo, o que no caso de Ceres é paradoxal. E o crescente voltado para a esquerda fala sobre os aspectos do lado esquerdo do cérebro que são os de planejar, organizar, discernir e buscar a lógica das coisas, todas essas, características naturalmente virginianas. Assim pensei em um glifo que mantivesse as informações originais, mas que as expressasse melhor e as completasse. Então juntei o glifo de Júpiter e da Terra para criar um novo. O crescente de Júpiter continua a expressar o lado esquerdo do cérebro, mas acrescenta a ideia de um objetivo, um plano maior e para além de si mesmo. Afinal Virgem é o último signo pessoal, e nele estão contidas as ferramentas para a expansão do "eu" no mundo do lado de fora, que os signos posteriores representam. O glifo da Terra é cortado ao meio pela base do glifo Joviano, traduzindo a idéia de que o espirito ( círculo) sempre se encontra uma forma de se desenvolver diante das restrições (cruz), que agora está na parte de cima do glifo. O crescente de Júpiter fala de um desenvolvimento horizontal, isto é, material, temporal e físico, já que a cruz impede o desenvolvimento vertical que seria espiritual e abstrato. Isso mostra uma natureza voltada para o intelecto (aspecto material da psique) e distante dos mistérios do espírito. A dialética entre o intelecto e o espírito pode ser entendidas à partir do estudo do mitos de Prometeu e Zeus que são resumidos e elucidados no Dicionário de Símbolos de Jean Chevalier.




Palas:

O glifo original de Palas sempre foi um enigma para mim, nunca pude extrair o significado da cruz encimada por um losango. Muitos dizem que o glifo é uma estilização da lança de Palas, deusa guerreira, entretanto para astrologia o glifo continua sem significado. O losango não está entre os pequenos símbolos clássicos que “montam” os glifos. Quando comecei a utilizar Palas em mapas, notei uma natureza libriana, o que não é novidade para muitos, já que o planeta parece oscilar entre Libra e Virgem. Mas o que mais me chamou a atenção é o aspecto integrativo do planeta. Onde Palas está sempre parece haver uma integração, uma parceira uma cooperação e o mais interessante, um amálgama. As idéias de integração, união e amálgama são comuns ao signo de Libra, mas os outros signos de ar também as possuem. Todavia a diferença está no fato de que Libra requer sempre um compromisso, uma conexão regulada por alguma forma de regra ou norma, e Gêmeos e Aquário são espontâneos e libertários demais para isso. Essa amálgama de Palas relacionasse com a união de opostos com foco em um bem comum. Dois planetas de naturezas explicitamentes opostas mas que em princípio interagem com muita harmonia são Marte e Vênus, que representam os aspectos mais básicos do homem e da mulher, e a deusa Palas do mito, sempre nos transmite essa noção impressionante de uma amálgama perfeita entre o feminino e o masculino. Portanto fundi os glifos de Marte e Vênus. O espírito (círculo) sem completa com a cruz e a seta. A seta de Marte traduz o quanto o planeta é errático espontâneo. Voltada para a direita indica o lado direito do cérebro, que trabalha com a criatividade e a arte. Marte é um princípio criativo entretanto não possui estruturação, alguém que só adquiri quando está em Capricórnio. Diferente dele, o glifo de Palas possui a cruz na base, oferecendo a idéia de solidez e estruturação. Pode-se então pensar na criatividade orientada e embasada, e quanto a isso duas palavras me vem à mente: práxis e ética. Juntas oferecem a noção de agir e criar com fim específico da interação com o outro, o aprimoramento e facilitação da vida social. O glifo de Vênus participa mostrando que Palas não é ausente de afetividade, entretanto ela não existe para satisfação própria, a seta sobre o círculo e a cruz revela que ela está direcionada para fora, isto é o benefício do outro.



Vesta:
De todos os glifos dos “grandes asteroides”, o de Vesta sempre foi o que mais incomodou, já que a lareira estilizada nunca representou nada astrologicamente falando. E de todos foi o que eu mais levei tempo para compor. Devemos pensar em Vesta como imagem do espírito concrentado, uma energia que trabalha sempre sobre si mesma, se purificando, se decantando para ficar cada vez mais essencial e própria. O signo que mais fala disso, para mim é Sagitário, já que ele se constitui de opostos em busca de integração, concentração e um significado próprio que existem em suas duas metades.  Essas duas metades são o homem (razão) e o cavalo (instinto). O homem é o espírito lúcido e o cavalo é a natureza bravia e amoral, ambos muito diferentes, mas há neles algo comum, e por isso estão juntos, com o interesse de expurgar o dispensável na busca da essência comum. Essa, é a justa medida, o ponto onde as coisas começam e terminam, aquilo que não é maior nem menor, nem menos nem mais importante. Em suma, o centro de tudo, o eixo da existência, de onde emana e para onde retorna todo o fluxo da vida. E este centro, que é a causa e o resultado, o princípio e o fim, é indicado pelo terceiro elemento que compõem o signo, a saber: a flecha que aponta justo para o centro da galáxia. Essa seta, que mira o alto, o mais elevado, mostra para onde segue a energia limpa, pura e leve que portanto é brilhante e elevada demais para permanecer perto da matéria e guia o espírito para o unobtainium, isto é, os dons do espírito. Esse processo, longe da metafísica, da filosofia e da religião pode ser traduzido como Sublimação, que nada mais é que um processo psicológico no qual uma grande concentração de energia vital é trabalhada com um foco e direcionamento, de forma a se purificar e ser usada com um fim mais elevado. Vesta representa basicamente isso, a Sublimação. E um exemplo disso é alguém com Vesta em Escorpião, a pessoa é enérgica e possui um intenso vigor físico e sexual, que mal direcionada transtorna e ânimo agressivo. Mas Vesta em Escorpião também pode falar de alguém ávido por justiça e essa pessoa pode encontrar a Sublimação de sua energia sexual na profissão de psicólogo ou advogado. Vesta não indica necessariamente uma profissão como forma de sublimar. A pessoa com tal configuração pode ser um amigo conselheiro a quem muitos recorrem e ele pode passar muito tempo sublimando sua energia no trato dos problemas alheios, como se fosse um psicólogo amador. Mas voltando ao glifo, procurei pensar em um glifo que transmitisse a ideia de eixo, de centro, a noção do espírito focado ou concentrado e que sublima. O glifo europeu de Urano parece trazer todas essas idéias. Ele é um círculo solar encimado por uma seta vertical, ele traduz a ação do espírito para fora, para um ideal elevado, mas que está livre das reflexões moralizante. Criei então o glifo do círculo solar tendo o ponto no meio (espírito concentrado) e encimado por uma cruz, que possui conotações femininas ao passo que a seta tem conotações masculinas. O espírito está então concentrado e restrito pela cruz, e ao mesmo tempo a cruz é o canal, o eixo, pelo qual ocorrerá a sublimação, essa sempre é um processo trabalhoso, e até doloroso, pois manifesta o combate entre razão e instinto. 



Juno:
                O glifo original de Juno é uma estrela que encima uma cruz, novamente outro símbolo que não nos diz nada. Como regente de Libra, Juno trata sobre a etiqueta, status quo e principalmente sobre o compromisso com o outro. Esse compromisso possui muitas vezes um caráter íntimo e de compartilhamento. Entretanto, para Juno não criei um glifo, o que não significa que considere o original, como já disse, ele não significa nada. Foi pesquisando na internet que encontrei um software de astrologia chamado Intrepid 150, um programa de astrologia ousado e com uma proposta de astrologia também muito diferente. Os astrólogos criadores do programa criaram também um glifo especial para Juno. E só posso dizer que quando o vi achei a idéia perfeita, pois o símbolo inspira e traduz a natureza planetária. O glifo é a duplicação do sinal de Vênus, já que Juno representa a união plena das almas. Então que que se vê é um circulo com duas cruzes. Uma união espiritual, pois devemos imaginar que há dois círculos sobrepostos, mas há duas cruzes o que significa que esse compromisso acarreta sacrifício duplo e em dobro. Algo que representa bem isso é o casamento. O matrimônio é uma instituição junina por excelência, é um contrato no qual os parceiros se comprometem com os prazeres, mas também com os pesos e problemas que uma relação mais séria implica. Diferentemente, Vênus possui apenas uma cruz e o circulo está sobre ela, demonstrando que parao planeta, os prazeres estão acima das questões obrigatórias da relação. 
 
                Este post terá uma continuação, pois irei tratar sobre os glifos de outros planetas...