Para começar a
postar no Ad Astra, pensei em um assunto relativamente novo, que é claro, será
tratado em outros posts com mais profundidade. Como a proposta do é discutir as
possibilidades de relação entre o que a astrologia explora contemporaneamente o
seu conteúdo tradicional e clássico.
Um tema que me
agrada é sobre os asteroides e seus glifos. Desde que comecei a estudar
astrologia, aprendi que os glifos não são simples desenhos escolhidos aleatoriamente
para identificar os planetas num mapa. Eles são símbolos cheios de
significados. Cada traço de um glifos expressa algo da natureza do planeta, da mesma forma como os hieróglifos
egípcios eram desenhos simples, mas de significado complexo.
Na medida em
que a astrologia se aprimorava nesses 5.000 anos, os glifos dos planetas
clássicos passaram por leves modificações que só vieram a acentuar seu
significado. E um assunto como esse, que pode parecer de pouca valia se mostra
muito interessante e enriquecedor para o astrólogo.
Um exemplo de
como estudar os glifos é interessante é quando descobrimos que os planetas “modernos”:
Urano, Netuno e Plutão possuem variantes para seus glifos que são usadas por
diversos astrólogos. E dependendo do local, até possuem glifos diferentes. Na
Rússia e para a maioria dos países europeus são usados dois glifos diferentes
do que estamos acostumados para Plutão. Assim acontece também com Urano, nas
Américas se utiliza um, mas na Europa se utiliza outro.
Sendo um
estudioso e experimentador de asteroides, comecei a pensar há muito tempo, que
seus glifos pareciam não expressar seus significados e que para alguns asteroides
o glifo até era um impeditivo da compreensão do seu significado. Foi desta
forma que decidi, na medida em que estudava alguns asteroides também pensar em
glifos que pudessem esclarecer sua natureza. Foi assim que surgiram alguns dos
símbolos astrológicos que o leitor verá à seguir:
Ceres:
Como planeta que rege Virgem,
signo das colheitas, Ceres tinha como glifo original uma foice estilizada como
um crescente voltado para o lado esquerdo sobre uma cruz. Entretanto uma das expressões
do planeta é a busca pelo desenvolvimento,
o interesse por aquilo que se aprimora e cresce e se desenvolve sob circunstâncias
que costumam ir contra. E isso está ausente no glifo. A cruz representa o
elemento terra, mas ao mesmo tempo também dá a idéia de obstáculo, o que no
caso de Ceres é paradoxal. E o crescente voltado para a esquerda fala sobre os
aspectos do lado esquerdo do cérebro que são os de planejar, organizar,
discernir e buscar a lógica das coisas, todas essas, características naturalmente
virginianas. Assim pensei em um glifo que mantivesse as informações originais,
mas que as expressasse melhor e as completasse. Então juntei o glifo de Júpiter
e da Terra para criar um novo. O crescente de Júpiter continua a expressar o
lado esquerdo do cérebro, mas acrescenta a ideia de um objetivo, um plano maior
e para além de si mesmo. Afinal Virgem é o último signo pessoal, e nele estão contidas
as ferramentas para a expansão do "eu" no mundo do lado de fora, que os signos
posteriores representam. O glifo da Terra é cortado ao meio pela base do glifo Joviano,
traduzindo a idéia de que o espirito ( círculo) sempre se encontra uma forma de
se desenvolver diante das restrições (cruz), que agora está na parte de cima do
glifo. O crescente de Júpiter fala de um desenvolvimento horizontal, isto é,
material, temporal e físico, já que a cruz impede o desenvolvimento vertical
que seria espiritual e abstrato. Isso mostra uma natureza voltada para o
intelecto (aspecto material da psique) e distante dos mistérios do espírito. A
dialética entre o intelecto e o espírito pode ser entendidas à partir do estudo
do mitos de Prometeu e Zeus que são resumidos e elucidados no Dicionário de Símbolos de Jean
Chevalier.
Palas:
O glifo original de Palas sempre
foi um enigma para mim, nunca pude extrair o significado da cruz encimada por
um losango. Muitos dizem que o glifo é uma estilização da lança de Palas, deusa
guerreira, entretanto para astrologia o glifo continua sem significado. O
losango não está entre os pequenos símbolos clássicos que “montam” os glifos.
Quando comecei a utilizar Palas em mapas, notei uma natureza libriana, o que
não é novidade para muitos, já que o planeta parece oscilar entre Libra e
Virgem. Mas o que mais me chamou a atenção é o aspecto integrativo do planeta.
Onde Palas está sempre parece haver uma integração, uma parceira uma cooperação
e o mais interessante, um amálgama. As idéias de integração, união e amálgama são
comuns ao signo de Libra, mas os outros signos de ar também as possuem. Todavia
a diferença está no fato de que Libra requer sempre um compromisso, uma conexão
regulada por alguma forma de regra ou norma, e Gêmeos e Aquário são espontâneos
e libertários demais para isso. Essa amálgama de Palas relacionasse com a união
de opostos com foco em um bem comum. Dois planetas de naturezas explicitamentes
opostas mas que em princípio interagem com muita harmonia são Marte e Vênus, que
representam os aspectos mais básicos do homem e da mulher, e a deusa Palas do
mito, sempre nos transmite essa noção impressionante de uma amálgama perfeita
entre o feminino e o masculino. Portanto fundi os glifos de Marte e Vênus. O
espírito (círculo) sem completa com a cruz e a seta. A seta de Marte traduz o
quanto o planeta é errático espontâneo. Voltada para a direita indica o lado
direito do cérebro, que trabalha com a criatividade e a arte. Marte é um princípio
criativo entretanto não possui estruturação, alguém que só adquiri quando está
em Capricórnio. Diferente dele, o glifo de Palas possui a cruz na base,
oferecendo a idéia de solidez e estruturação. Pode-se então pensar na criatividade
orientada e embasada, e quanto a isso duas palavras me vem à mente: práxis e ética. Juntas oferecem a noção de
agir e criar com fim específico da interação com o outro, o aprimoramento e
facilitação da vida social. O glifo de Vênus participa mostrando que Palas não
é ausente de afetividade, entretanto ela não existe para satisfação própria, a
seta sobre o círculo e a cruz revela que ela está direcionada para fora, isto é
o benefício do outro.
Vesta:
De todos os glifos dos “grandes asteroides”,
o de Vesta sempre foi o que mais incomodou, já que a lareira estilizada nunca
representou nada astrologicamente falando. E de todos foi o que eu mais levei
tempo para compor. Devemos pensar em Vesta como imagem do espírito concrentado,
uma energia que trabalha sempre sobre si mesma, se purificando, se decantando
para ficar cada vez mais essencial e própria. O signo que mais fala disso, para
mim é Sagitário, já que ele se constitui de opostos em busca de integração, concentração
e um significado próprio que existem em suas duas metades. Essas duas metades são o homem (razão) e o
cavalo (instinto). O homem é o espírito lúcido e o cavalo é a natureza bravia e
amoral, ambos muito diferentes, mas há neles algo comum, e por isso estão
juntos, com o interesse de expurgar o dispensável na busca da essência comum. Essa,
é a justa medida, o ponto onde as coisas começam e terminam, aquilo que não é
maior nem menor, nem menos nem mais importante. Em suma, o centro de tudo, o
eixo da existência, de onde emana e para onde retorna todo o fluxo da vida. E
este centro, que é a causa e o resultado, o princípio e o fim, é indicado pelo
terceiro elemento que compõem o signo, a saber: a flecha que aponta justo para
o centro da galáxia. Essa seta, que mira o alto, o mais elevado, mostra para
onde segue a energia limpa, pura e leve que portanto é brilhante e elevada
demais para permanecer perto da matéria e guia o espírito para o unobtainium,
isto é, os dons do espírito. Esse processo, longe da metafísica, da filosofia e
da religião pode ser traduzido como Sublimação, que nada mais é que um processo
psicológico no qual uma grande concentração de energia vital é trabalhada com
um foco e direcionamento, de forma a se purificar e ser usada com um fim mais
elevado. Vesta representa basicamente isso, a Sublimação. E um exemplo disso é
alguém com Vesta em Escorpião, a pessoa é enérgica e possui um intenso vigor
físico e sexual, que mal direcionada transtorna e ânimo agressivo. Mas Vesta em
Escorpião também pode falar de alguém ávido por justiça e essa pessoa pode
encontrar a Sublimação de sua energia sexual na profissão de psicólogo ou
advogado. Vesta não indica necessariamente uma profissão como forma de sublimar.
A pessoa com tal configuração pode ser um amigo conselheiro a quem muitos
recorrem e ele pode passar muito tempo sublimando sua energia no trato dos
problemas alheios, como se fosse um psicólogo amador. Mas voltando ao glifo,
procurei pensar em um glifo que transmitisse a ideia de eixo, de centro, a
noção do espírito focado ou concentrado e que sublima. O glifo europeu de Urano
parece trazer todas essas idéias. Ele é um círculo solar encimado por uma seta
vertical, ele traduz a ação do espírito para fora, para um ideal elevado, mas
que está livre das reflexões moralizante. Criei então o glifo do círculo solar
tendo o ponto no meio (espírito concentrado) e encimado por uma cruz, que
possui conotações femininas ao passo que a seta tem conotações masculinas. O
espírito está então concentrado e restrito pela cruz, e ao mesmo tempo a cruz é
o canal, o eixo, pelo qual ocorrerá a sublimação, essa sempre é um processo
trabalhoso, e até doloroso, pois manifesta o combate entre razão e instinto.
Juno:
O glifo
original de Juno é uma estrela que encima uma cruz, novamente outro símbolo que
não nos diz nada. Como regente de Libra, Juno trata sobre a etiqueta, status quo e principalmente sobre o
compromisso com o outro. Esse compromisso possui muitas vezes um caráter íntimo
e de compartilhamento. Entretanto, para Juno não criei um glifo, o que não
significa que considere o original, como já disse, ele não significa nada. Foi
pesquisando na internet que encontrei um software de astrologia chamado Intrepid 150, um programa de astrologia
ousado e com uma proposta de astrologia também muito diferente. Os astrólogos
criadores do programa criaram também um glifo especial para Juno. E só posso
dizer que quando o vi achei a idéia perfeita, pois o símbolo inspira e traduz a
natureza planetária. O glifo é a duplicação do sinal de Vênus, já que Juno
representa a união plena das almas. Então que que se vê é um circulo com duas
cruzes. Uma união espiritual, pois devemos imaginar que há dois círculos sobrepostos,
mas há duas cruzes o que significa que esse compromisso acarreta sacrifício
duplo e em dobro. Algo que representa bem isso é o casamento. O matrimônio é
uma instituição junina por excelência, é um contrato no qual os parceiros se
comprometem com os prazeres, mas também com os pesos e problemas que uma
relação mais séria implica. Diferentemente, Vênus possui apenas uma cruz e o
circulo está sobre ela, demonstrando que parao planeta, os prazeres estão acima das
questões obrigatórias da relação.
Este
post terá uma continuação, pois irei tratar sobre os glifos de outros planetas...
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